MACUNAÍMA (Direção de Joaquim Pedro de Andrade, 1969)
- Baseado na obra homônima de Mário de Andrade.
- O filme segue a história de Macunaíma, um anti-herói preguiçoso, descrito como “herói da nessa gente“, “herói sem nenhum caráter“, e ainda “representante do povo brasileiro“, um indígena que nasce negro e já adulto (Grande Otelo) em meio à selva amazônica, torna-se branco (Paulo José) e vai para a cidade grande, conhecendo prostitutas, guerrilheiros e enfrentando vários tipos de inimigo que encontra pelo caminho.
- Em novembro de 2015, o filme entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Sinopse:
O filme inicia-se com o nascimento do ameríndio Macunaíma (Grande Otelo), num lugar chamado “Pai da Tocandeira“, como diz o narrador em voice over, localizado na mata virgem à beira do Rio Uraricoera. Ele vivia com seus irmãos Jiguê (Milton Gonçalves) e Maanape (Rodolfo Arena), além de sua cunhada Sofará (Joana Fomm) e sua velha mãe rabugenta (Paulo José). Apesar de já ter nascido num corpo adulto, Macunaíma foi uma criança extremamente levada. Dava em cima de sua cunhada, com a qual acaba por dormir e urinava na rede quando ia dormir, molhando sua mãe que dormia na rede de baixo. Nos primeiros seis anos de vida, Macunaíma, de tão preguiçoso, não falava, passava o tempo decepando saúvas, até que, pela primeira vez, resolveu falar suas primeiras palavras: “aí, que preguiça“.
Após uma enchente, a família ficou sem ter o que comer. Macunaíma tinha vários cachos de banana escondidos, mas como não quis dividir o alimento com seus irmãos e, ainda por cima, fez piada com a magreza de Maanape, sua mãe decide expulsá-lo da tribo e o manda embora. Perdido na floresta, Macunaíma passa a buscar o caminho de casa e, nesse processo, vive algumas aventuras, como o encontro com o Curupira, que tenta devorá-lo. Consegue escapar, chegando à casa de uma velhinha chamada Cotia, que lhe mostra o caminho de volta para a tribo. Logo após seu retorno, sua mãe morre e ele parte, em errância, com seus irmãos e sua nova cunhada, Iriqui. Logo encontram uma nascente de água mágica, na qual Macunaíma, que nascera negro retinto, entra debaixo dela e fica branco, louro e de olhos azuis (também Paulo José). Jiguê, igualmente negro, tenta entrar debaixo da fonte, mas a água para antes que ele a alcance, e ele só consegue embranquecer a sola dos pés e das mãos. Imediatamente, Iriqui passa a ignorar Jiguê e fica sempre junto de Macunaíma.
Em seguida, a família entra em um pau de arara e vai parar na cidade grande. Logo que chegam, é dito em narração que Iriqui foi trabalhar em uma casa de moças, no mangue, desaparecendo do filme. Macunaíma fica atordoado com a cidade, seu agitação e a quantidade de máquinas. Enquanto passeiam, os três irmãos deparam-se com a guerrilheira Ci escapando de uma kombi que, se presume, pertence às forças repressivas do ditadura militar que comandava o país à época. Atraído pela beleza da “subversiva“, Macunaíma a persegue e os dois acabam por fazer amor em um estacionamento. Depois disso, vão viver juntos, na Casa de Ci e acabam tendo um filho negro (também Grande Otelo), embora ambos sejam brancos. Pouco depois do seu nascimento, contudo, mãe e filho morrem, vitimados por uma explosão armada pelos inimigos de Ci.
Deprimido, o “herói de nossa gente“ fica bêbado e vai parar sob a sombra de um coqueiro, numa ilha, sobre o qual está pousado um urubu, que defeca sobre ele. A partir desse momento, Macunaíma muda suas vestimentas, passando a vestir-se de forma compatível com o movimento hippie, em voga na época, e acaba resgatado da ilha por três moças numa jangada. Vivendo agora, no que parece ser um cabaré, com seus irmãos e algumas prostitutas, Macunaíma lê num jornal que o industrial estrangeiro Venceslau Pietro Pietra (Jardel Filho), também conhecido como “gigante devorador de gente“, está sob posse do muiraquitã, uma pedra mágica que Ci usava como amuleto de proteção e que desapareceu após sua morte. Esta pedra dá sorte e, com ela, o industrial ficou ainda mais poderoso.
Elenco:
Paulo José - Macunaíma Branco/Mãe de Macunaíma
Grande Otelo - Macunaíma Negro/Filho de Macunaíma
Dina Sfat - Ci
Milton Gonçalves - Jiguê
Jardel Filho - Venceslau Pietro Pietra/Gigante Piaimã
Rodolfo Arena - Maanape
Joana Fomm - Sofará
Maria do Rosário Nascimento e Silva - Iriqui
Wilza Carla - Gorda
Myriam Muniz - Ceiuci/Caapora Mãe
Edy Siqueira - Filhinha
Carmem Palhares - Filhona
Maria Lúcia Dahl - Uiara
Rafael de Carvalho - Curupira
Hugo Carvana - Vigarista, dono do pato
Zezé Macedo - Magra, a mulher do barco
Nazareth Ohana - Cotia
Carolina Whitaker - Princesa
Maria Lúcia Pellegrino - Copeirinha de Venceslau
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