1967 - Jean Luc Godard - Weekend - Mireille Darc, Jean Yanne, Jean Pierre Kalfon leg

Um casal, a encarnação demoníaca do egoísmo e da futilidade burguesas, deseja a todo custo a morte do pai da personagem para botar as mãos na grana do velho. Os dois partem então em um “road movie do inferno” onde se deparam com todo tipo de gente. Um deles, o Anjo Exterminador, que se apresenta como filho de Deus com Alexandre Dumas, declara: o cristianismo é a recusa do auto-conhecimento, é a morte da linguagem!. Um pianista executa uma peça de Mozart ao piano e discute seus resquícios perdidos na música moderna dos Beatles e dos Rolling Stones. Que filme ruim, tudo o que fazemos é encontrar gente doida, fala o protagonista em um dado momento. A estrada parece não ter fim e não levar a lugar algum. O colapso é total. Um engarrafamento quilométrico (o traveling mais famoso do cinema) e vários jogos de palavras parecem trazer à viagem, as páginas de um conto de Julio Cortazar. Os símbolos maiores do fetichismo consumista, os automóveis, multiplicam-se tombados pelo caminho, em chamas, sobre corpos ensanguentados. Tem até trombada de carro com avião. Em certo momento, enquanto os personagens fazem uma curva em alta velocidade, a película literalmente se rasga em fragmentos. Noutro, antes de colocarem fogo na escritora Emily Brontë em pessoa, advertem, Isso aqui é cinema, não é literatura! Por fim, a militância de esquerda, o conflito árabe-israelense, o imperialismo das grandes companhias de petróleo e a guerrilha acabam por levar os personagens ao primitivismo e ao canibalismo.
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